S. Vicente, diácono e mártir

S. Vicente, diácono e mártir

S. Vicente é o mais célebre dos mártires hispânicos, o único que se encontra incorporado na liturgia da igreja universal.

S. Vicente Mártir ou São Vicente de Saragoça, também conhecido por São Vicente de Fora (Lisboa), foi martirizado em Valência no início do século IV (crê-se que no ano de 304) durante as perseguições do Imperador romano Diocleciano contra os cristãos da Península Ibérica. O seu cruel martírio até à morte foi devido, segundo a tradição, à sua recusa em oferecer sacrifícios aos deuses do panteão romano.

Segundo a tradição hagiográfica, os acontecimentos ter-se-iam passado na sequência de uma série de decretos dos imperadores Diocleciano e Maximiano, emitidos nos anos 303 e 304, que intentavam reprimir o culto cristão por todo o império. Vicente seria diácono em Saragoça, quando é preso por um governador de quem não existe  qualquer outra referência e cuja existência é muito problemática, de nome Daciano. Recusando revelar o sítio dos livros de culto e abjurar, como ordenava o decreto imperial, é levado para Valência (episódio singular, pois Saragoça e Valência pertenciam a províncias distintas, uma à Tarraconense, a outra à Cartaginense, cada uma com o seu próprio governador). Das sequelas do interrogatório sob tortura a que foi submetido, faleceu a 22 de janeiro do ano 304.

Após a morte, a hagiografia deixou-nos acontecimentos miraculosos, como o episódio do corvo e o do regresso do corpo a terra, após ter sido lançado ao mar.

S. Vicente é orago da Diocese do Algarve e da Sé Patriarcal de Lisboa, onde se guardam algumas das suas relíquias. Simbolicamente é representado por uma barca e um corvo, representação essa baseada na tradição de que em 1173 as suas relíquias foram conduzidas numa barca desde o Cabo de S. Vicente, no Algarve, para Lisboa, a mando de D. Afonso Henriques e veladas durante todo o trajeto por dois corvos. Também aparece representado com palma (que simboliza o martírio) e evangeliário. É comemorado a 22 de Janeiro pela Igreja Católica e a 11 de Novembro pela Igreja Ortodoxa. Em Portugal é ainda o santo protetor e advogado das crianças.