Papa: abandono do idoso é a maior doença

A assistência ao idoso e cuidados paliativos

Começou na passada quinta-feira, dia 5 de março, a Assembleia Geral da Academia Pontifícia para a Vida, O tema deste encontro é: “A assistência ao idoso e cuidados paliativos”. O Papa Francisco esteve presente na sessão inaugural e recordou no seu discurso o quarto mandamento: honrar pai e mãe, no qual o Senhor nos faz duas promessas: “para que se prolonguem os teus dias” e para que “sejas feliz”. Neste sentido o Santo Padre sublinhou que cumprindo este mandamento estamos a valorizar a “fundamental relação pedagógica entre pais e filhos, idosos e jovens”.

O Papa Francisco considerou ainda que este mandamento tem grande atualidade para a sociedade contemporânea onde a lógica da utilidade tende a ultrapassar os valores da solidariedade e da gratuidade. “Hoje em dia” – continuou o Santo Padre – “honrar poderia ser traduzido como o dever de ter extremo respeito e tomar conta de quem, pela sua condição física ou social, poderia ser deixado morrer”.

A propósito dos trabalhos da Assembleia da Academia para a Vida sobre cuidados paliativos o Papa Francisco encorajou os participantes a explorarem as novas áreas de aplicação destes cuidados médicos específicos. Considerou mesmo que estes podem permitir a integração dos cuidados insubstituíveis dos familiares “cujo afeto não pode ser substituído nem pelas estruturas mais eficientes”. Neste sentido, o Santo Padre afirmou mesmo que “o abandono é a ‘doença’ mais grave do idoso e também a injustiça maior” que o idoso pode sofrer. “Aqueles que nos ajudaram a crescer não devem ser abandonados quando têm necessidade da nossa ajuda.” – concluiu o Papa Francisco.

O Presidente da Academia Pontifícia para a Vida é D. Carrasco de Paula, que falou à Rádio Vaticano:

“ As doenças crónicas em evolução criam sempre a exigência da assistência. Com efeito, são patologias que quase nunca têm cura e acompanham muitos idosos até ao fim. Creio que esta é a questão mais importante. Alguém poderia pensar que são doenças que deixam os doentes sem esperança. Pode acontecer mas é isso que devemos evitar. A vida tem sempre um futuro mesmo em idade avançada. E este futuro é preciso percebê-lo, apanhá-lo e querê-lo.”

Nesta assembleia da Academia Pontifícia para a vida serão discutidos temas como os cuidados médicos do idoso, doenças crónicas degenerativas, a assistência paramédica e o uso de analgésicos. Também serão abordadas as perspetivas éticas e antropológicas em relação à pessoa idosa doente, nomeadamente, o acompanhamento e respeito pela dignidade do moribundo, evitando formas de abandono ou de eutanásia.

Fonte: L'Osservatore Romano

Fotografia: L'Osservatore Romano