Não separe o homem o que Deus uniu
A preparação e celebração do sacramento do matrimónio é dos elos mais fortes e omissos da pastoral que (não) fazemos. Os noivos vêm de ambientes fortemente secularizados. Eles são expressão do mundo novo e uma mudança de paradigma. Nós, porém, continuamos a agir como se nada tivesse acontecido. Como regra, os noivos já vivem em união de facto. O noivo pede licença ao sogro para começar a coabitar com a filha.
Tudo legal. A facilitação da vida sexual afunila, esvazia e limita a reação fazendo dela mero “ajuntamento”, um momento de prazer e não a expressão do dom total da vida. O projeto e conhecimento mútuo, o sinal da doação da vida por amor, a verdade das coisas, com o seu mundo interior e exterior, os seus ritos e ritmos, os seus sentimentos, ideias, gostos, temperamentos, diferença, valores, esperanças, não se improvisa, leva tempo a conhecer e a construir. Há tempos presidi a um casamento cujos nubentes já viviam em união de facto. Por sugestão da mãe do noivo e para dar alguma verdade e novidade à Celebração, cada um foi para sua casa nos últimos dois meses e meio antes do casamento. E foi assim por coerência e amor à verdade. A experiência de “pertença” mútua, não a têm os noivos em relação a Cristo e à Igreja. Se o casamento não o é também com Cristo, o tempo torna tudo fastidioso, rotineiro, cinzento, sem festa. A Igreja tem de ser mais solícita, exigente e credível nesta área tão importante da sua missão, onde se joga o futuro da Igreja e do mundo. Nesta sociedade consumista e mercantil, muitos noivos coisificam e instrumentalizam a Igreja em favor da sua festa: fazem contrato com a empresa de eventos, o restaurante, a florista, o fotógrafo, o cabeleireiro, o coro e o padre. No fim pagam a todos e tudo continua como dantes. A maioria dos noivos fazem a Cristo e à Igreja, o que a noiva faz ao véu: arrumam-n’O a um canto.