Paróquia de S. Pedro de Faro tem novo projeto arquitetónico para a igreja de São Paulo, no Patacão

Projeto da Igreja de S. Paulo - Patacão

Em virtude de corresponder a uma construção mais económica, o novo plano de arquitetura veio substituir o anterior que chegou a estar previsto no loteamento municipal dos Braciais, por via de um acordo estabelecido com a Câmara de Faro em novembro de 2008. “Em presença de um projeto arquitetónico que era formidável, mas que comporta uma quantia – mais de dois milhões de euros – que neste momento a paróquia não tem a possibilidade de suportar, tentei contactar com algumas pessoas para ver se conseguíamos fazer algo de mais simples”, explicou ao Folha do Domingo o pároco, o cónego Carlos César Chantre, que tomou posse daquela comunidade paroquial em setembro do ano passado, herdando dos seus antecessores o intento da construção da igreja de São Paulo.

Recorde-se que a edificação da igreja no Patacão era desejo do falecido padre António Patrício que foi o pároco impulsionador do primeiro projeto, chegando mesmo a promover a celebração de bênção da primeira pedra da obra. Mais tarde, o cónego Manuel Rodrigues, seu sucessor, promoveu o desenvolvimento de mais dois projetos, incluindo o anterior a este que foi o último a ser apresentado publicamente.

De acordo com o novo plano arquitetónico, desenvolvido por uma empresa portuguesa, a obra está orçamentada em cerca de um milhão de euros e o seu prazo de execução é de cerca de quatro meses por se tratar de um inovador sistema modular de construção com painéis compósitos, reconhecido pelo Instituto Superior Técnico.

O projeto, classificado pelo prior como “amigo do ambiente”, inclui para além do templo 10 salas para catequese e reuniões de pequenos grupos, uma sala polivalente, sanitários, secretaria, bar, sala de arrumo, gabinete e quarto do pároco.

O equipamento com área total de 930m2 irá servir uma comunidade que tem vindo a crescer e que inclui já serviços de catequese (nos sectores da infância e adolescência, adultos e jovens), Pastoral Vocacional, Pastoral Familiar, Pastoral Social, Pastoral Litúrgica (leitores, acólitos e coro) e conta também com núcleos dos movimentos eclesiais do Corpo Nacional de Escutas (do Agrupamento 98), dos Convívios Fraternos e dos Cursos de Cristandade e também da Espiritualidade de Taizé.

A comunidade da zona pastoral do Patacão é, segundo o pároco, uma comunidade que “merece muito carinho porque tem virtualidades”, composta por habitantes não só do Patacão, mas também de outras áreas do concelho de Faro, pertencentes à paróquia de São Pedro de Faro, como Braciais, Mar e Guerra, Arneiro, Mata Lobos e de outras zonas fronteiriças com o Montenegro e Gambelas.

O cónego César Chantre diz haver um “conjunto grande” de pessoas que frequenta aquela comunidade e que, “humildemente, insiste em que se criem condições para desenvolverem o culto na zona onde residem”. “Serei o primeiro a apostar nisso e a colaborar com aquela comunidade no seu crescimento”, acrescenta, lembrando que os seus três antecessores imediatos “trabalharam muito para que esta comunidade se desenvolvesse” e que o seu desenvolvimento aconteceu “à volta do Carmelo”, “uma realidade espiritual importante na diocese e que fez com que a catequese se iniciasse” naquela zona.

Por isso, o prior considera que a igreja de São Paulo é uma “exigência do Espírito [Santo]”. “Digo isto porque o «para-raios» espiritual da diocese é o Carmelo e está lá e porque a insistência dos meus antecessores junto dessa comunidade e a vivacidade dos grupos que trabalham na pastoral na zona do Patacão faz-me render à evidência que é uma obra do Espírito Santo e não obra dos homens”, justifica.

O sacerdote adverte, então, que “quaisquer divisionismos entre os homens por causa deste projeto poderá pôr em causa a obra que é de Deus”. “O projeto é para aprofundar a paróquia de São Pedro que o senhor bispo me entregou para conduzir. Então, o apelo que faço é que toda a paróquia dê as mãos para que as outras Igrejas irmãs nos venham ajudar na constituição da comunidade de São Paulo e na construção do templo respetivo”, pediu.

O prior de São Pedro de Faro entende, então, que se devem “criar condições para que as pessoas daquela zona possam manifestar em conjunto a sua fé, sem sair do seu local, o que não retira que, de quando em quando, não venham à matriz”. “Devemos regressar sempre à zona onde se encontra a fonte batismal da paróquia”, lembra, reconhecendo que a paróquia tem uma extensa área e, por isso, “deve apostar na criação de comunidades de base que tenham leigos a orientar as mesmas, sendo o pároco o seu assistente espiritual”.

O prior alerta ainda para outro constrangimento que evidencia a necessidade do equipamento. “Neste momento há uma sobreposição porque o Carmelo tem o seu ritmo e espiritualidade próprios e não queremos continuar a perturbar a vida comunitária das irmãs. Elas já deram muito à comunidade e agora é tempo de constituir-se uma comunidade forte para que as irmãs se apercebam que o seu trabalho espiritual teve consequências no crescimento da comunidade local”, sustenta, considerando que quem pensa não haver necessidade de outra igreja no Patacão, para além da do mosteiro das irmãs Carmelitas Descalças, “é porque não conhece o ritmo das irmãs do Carmelo”.

O pároco garante que a paróquia não tem dinheiro para a construção da igreja e considera, por isso, ser necessário “fazer um trabalho de bastidores para angariar fundos”. “A comunidade do Patacão, sozinha, não consegue levar a obra avante, tem de ser com o apoio da matriz”, assegura, acrescentando ter sido já constituída uma comissão com membros das duas zonas da paróquia para se iniciar a angariação de fundos para a construção do templo. “Dificilmente teremos capacidade para avançar com o projeto sem apoios oficiais. Já contactei a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e a Câmara Municipal de Faro. Foram todos muito simpáticos em dizer que ajudariam. Estou à espera e estou convencido que, se me prometeram, é porque vão cumprir”, adianta, considerando que, “perante as dificuldades financeiras do país”, “as coisas estão a complicar-se”.

O cónego César Chantre diz-se “convencido” de que, passando a atual crise que o país atravessa, aquela zona será “um dos caminhos do futuro da urbanização da cidade de Faro”. “A zona do Patacão, mais a do Montenegro e a das Gambelas deviam ser zonas de pequenas comunidades para uma zona maior de um corredor pastoral”, defende.

Questionado sobre a possibilidade de desmembramento da comunidade do Patacão, após a construção da igreja, para ereção de uma nova paróquia, o sacerdote lembra ser “competência do bispo da diocese”. “Não estamos preocupados com multiplicação de paróquias. Estamos preocupados é com a multiplicação e o aprofundamento das comunidades de base”, complementa.

Fonte: Folha do Domingo
(Artigo escrito por Samuel Mendonça)