"Só uma Igreja eucarística é missionária"

Corpo de Deus

O bispo do Algarve advertiu na última quinta-feira que “só uma Igreja autenticamente eucarística” é “verdadeiramente missionária”.

“A dimensão da missão e do testemunho deve estar sempre presente numa Igreja que deve ser eucarística”, afirmou D. Manuel Quintas no encerramento da procissão com o Santíssimo Sacramento que se realizou ontem à tarde, por algumas das principais ruas da baixa de Faro, da Sé de Faro para a igreja de São Pedro, no dia em que a Igreja celebrou a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, popularmente conhecida como Corpo de Deus.

O prelado lembrou que a eucaristia que faz dos cristãos, missionários. “A verdade da eucaristia que celebramos e, sobretudo, de Jesus na eucaristia, que é nosso alimento, deve encontrar eco na nossa vida, através do nosso testemunho. É a força que nos vem da presença de Jesus na eucaristia que faz de nós apóstolos, anunciadores do evangelho”, afirmou, desejando ainda “que este viver missionário seja também um viver misericordioso”. “A dimensão da misericórdia é profundamente eucarística porque nos abre aos outros. O amor que recebemos na eucaristia vamos transformá-lo em perdão e em misericórdia para os outros”, apelou o bispo do Algarve a propósito da palavra ‘viver’, uma das três que pediu aos presentes para reterem na conclusão daquela celebração.

D. Manuel Quintas destacou a participação eucarística implica viver na própria vida a presença de Jesus. “Somos chamados a ir para as nossas casas, ambientes, para o meio que frequentamos e aí sermos sinal deste Jesus que se nos dá em alimento”, sublinhou, lembrando que Jesus é o pão que “mata todas as fomes e sedes”: “de amor, de perdão, de reconciliação, de vida realizada, harmoniosa e feliz”. “É assim que Jesus nos quer e foi por isso e para isso que quis ficar sempre connosco na eucaristia”, sustentou.

O bispo diocesano destacou igualmente as palavras “agradecer” e “aprender”. Sobre a primeira considerou que celebrar aquela festa é “agradecer a presença de Jesus para sempre” no pão e no vinho consagrados. “Jesus quis ficar para sempre connosco, fez-se nosso alimento. “Quando comungamos, recebemos Jesus no nosso coração e na nossa vida. Passamos a ser um só com Ele e com todos aqueles que comungam”, explicou, acrescentando o “sentido de gratidão” por tantos terem feito ontem a sua primeira comunhão. “Tal como Jesus se fez alimento para nós, também nós somos chamados a damo-nos aos outros, a alimentar os outros, sobretudo, aqueles que têm fome de amor, de paz, de perdão e de reconciliação”, acrescentou.

A propósito da segunda palavra disse que “Jesus na eucaristia constitui, para todos, uma lição permanente de doação, entrega, serviço e amor”, lembrando que a sua presença é “muito discreta, mas muito eficaz”. “Está ali à nossa disposição não apenas para ser nosso alimento, mas também para nos escutar e para nos ensinar a fazer da nossa vida uma vida de dom e serviço aos outros”, complementou.

O cortejo litúrgico foi precedido por uma tarde de adoração eucarística orientada pelas três paróquias da cidade de Faro, tendo a última meia hora de oração sido particularmente dedicada às crianças da catequese. Seguiu-se depois a oração de vésperas, presidida pelo bispo do Algarve, antes da saída da procissão.

A solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo celebra-se, normalmente, 60 dias depois da Páscoa, na quinta-feira a seguir ao primeiro domingo depois do Pentecostes.

A festividade voltou este ano a ser celebrada na quinta-feira própria depois de nos últimos anos ter passado para o domingo seguinte, por via do acordo estabelecido entre o Governo português e a Santa Sé que levou a que o feriado, em dia de semana, tivesse sido suprimido.

 

Fonte: Folha do domingo

DFoto: Samuel Mendonça